Economia é um tema controverso. Alguns podem achar que está tudo indo bem, outros, o contrário. Os analistas econômicos vinculados ao mercado financeiro se enquadram nesse último grupo, pregoeiros do pessimismo.
Falam, por exemplo, em descontrole da inflação, mas em julho ela foi de apenas 0,03%. A acumulada no país nos últimos dez anos e meio foi 82,1% (média de 0,47% ao mês), menor do que a registrada em um único mês no governo Sarney (86% em fevereiro de 1990).
Criticam o déficit público do governo, mesmo sendo de apenas 2% do PIB nos 12 últimos meses, invejável se comparado com o dos países europeus e o dos EUA.
Mencionam crise no mercado de trabalho, ignorando que o número de desempregados no mundo desde dezembro de 2007 aumentou em 30 milhões, mas no Brasil, no mesmo período, os empregos formais elevaram-se em 11 milhões.
Mencionam uma crise de confiança, mas os investimentos estrangeiros diretos, o mais importante indicador de confiança na economia de um país, registraram queda de 18% no mundo em 2012, mas no Brasil se mantiveram no elevado patamar de US$ 65 bilhões. Estariam esses investidores tão mal informados sobre o Brasil?
Pesquisa realizada pela consultoria A. T. Kearney junto a 302 executivos de grandes empresas mundiais mostra que o Brasil ocupa o terceiro posto na relação de países preferidos por empresários, superado apenas pelos EUA e pela China.
Talvez tal pessimismo derive de um inconformismo. Saudosos do neoliberalismo, esses analistas torceram o nariz para as manifestações de junho, pois nelas não haviam faixas defendendo o aumento das taxas de juros; o latifúndio; o fim do Bolsa Família ou as privatizações. Pelo contrário, exigiam o fim dos leilões do petróleo; do fator previdenciário; a Reforma Agrária e até mesmo a estatização do transporte público.
Artigo publicado no Jornal de Brasília, de 22/08/2013.