Júlio Miragaya
Presidente da Codeplan e Conselheiro do Conselho Federal de Economia
O IBGE fez recentemente a divulgação dos dados referentes ao PIB brasileiro de 2012 e a Codeplan, na ocasião, divulgou os números relativos ao Distrito Federal. O fato que merece maior atenção é que ocorreu mais um aumento na participação da Administração, Saúde e Educação públicas em nosso PIB, que entre 2010 e 2011 já havia aumentado de 54,4% para 54,7% e passou para 55,2% em 2012.
Os dados revelam também que o Distrito Federal, com seu portentoso PIB superior a 171 bilhões de reais, mantém-se na condição de maior PIB per capita do país (R$ 64.653,00), oito vezes superior ao menor do país, o do Piauí, três vezes superior à média nacional e nada menos que o dobro do PIB per capita de São Paulo, o mais rico estado da federação.
Se o enorme peso que o setor público tem na economia do DF gera benefícios, como nosso excepcional PIB per capita, gera também consequências negativas, como o fato de termos a segunda maior desigualdade do país na distribuição da renda em termos sociais, assim como a maior assimetria entre o nível de renda e de qualidade de vida do núcleo e da periferia metropolitana, configurando a pior distribuição da renda em termos espaciais.
Tal cenário determina a necessidade de se formular uma estratégia de desenvolvimento para o DF que deve ter como premissa a promoção do planejamento integrado com os municípios goianos que compõem nossa periferia metropolitana, com o objetivo de mitigar as abissais assimetrias, e passa, de um lado, pela diversificação da nossa estrutura produtiva, acentuadamente focada no setor público e, de outro, pela descentralização das atividades econômicas, excessivamente concentradas no Plano Piloto.
As melhores oportunidades de emprego no Distrito Federal, todos sabem, estão no setor público. Ocorre que tais oportunidades não são, de fato, para todos, pelo contrário, cada vez mais restringem-se a uma limitada parcela de nossa população.