Inflação acelera na capital federal e registra o maior percentual para o mês desde 2012
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou variação de 1,18% em fevereiro no Distrito Federal, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é o maior valor registrado para o mês desde 2012. Entre as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE, a inflação na capital federal é a terceira mais elevada, superada apenas pela observada em Belém (1,41%) e Fortaleza (1,48%). A inflação nacional ficou em 0,86% em fevereiro. No acumulado em 12 meses, o DF apresentou alta de 4,45%, enquanto o Brasil registrou variação positiva de 5,20%, bem próximo ao limite superior estabelecido pelo Banco Central para 2021, de 5,25%.
O índice, divulgado mensalmente, mostra a variação dos preços de produtos e serviços para as famílias com rendimentos de até 40 salários mínimos e é o indicador oficial da inflação no país. O resultado do Distrito Federal reflete a alta nos preços de itens como combustíveis, principalmente a gasolina (11,43%), e das passagens aéreas (5,77%). A queda nos preços dos cursos de ensino superior (-6,12%) compensou a alta nos de ensino fundamental (3,76%) e nos artigos de papelaria (2,72%), justificando a variação negativa no grupo da Educação.
O índice de difusão do IPCA distrital, indicador que mede a quantidade de itens com variação positiva ou nula em relação ao total da cesta, foi de 61,3% em fevereiro, ou seja, mais da metade dos itens da cesta apresentaram inflação no período. Esse índice vem se mantendo acima dos 50% desde setembro de 2020, mostrando certa persistência da pressão de preços na capital federal.
Ao analisarmos a inflação por grupos, apenas o da Educação (-0,09%) contribuiu para segurar a inflação no mês. Esse fato chama a atenção visto que, tradicionalmente, fevereiro é marcado pelo aumento nos preços de produtos e serviços dessa categoria em função dos reajustes nos valores das mensalidades nas instituições de ensino privadas, normalmente observados no início do ano letivo. Entre os demais grupos, o de Transportes (4,32%) foi o que registrou a maior variação positiva, seguido pelas categorias de Saúde e cuidados pessoais (0,93%), Artigos de residência (1,12%), Vestuário (0,63%), Habitação (0,17%), Comunicação (0,20%), Alimentação e bebidas (0,04%) e Despesas pessoais (0,04%).
O pesquisador e autor do estudo Renato Coitinho, da Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan, ressalta que a inflação de fevereiro esteve concentrada no comportamento do preço dos combustíveis: “no ano, a gasolina já acumula alta de 15,11% e o óleo diesel, 7,66%. Como esses produtos representam a maior parte do custo do transporte e considerando que a maior parte dos bens e serviços precisam se deslocar para chegar até o consumidor final, é possível esperar que haja um aumento de preços generalizado nos próximos meses”.
IPCA POR FAIXA DE RENDA – As famílias de baixa renda vivenciaram uma inflação de 0,88% em fevereiro, bastante abaixo das demais faixas. Esse resultado é parcialmente explicado pela composição da inflação no mês, com uma forte pressão nos preços dos combustíveis, item que é menos consumido entre as famílias de baixa renda. As demais faixas de renda apresentaram resultados semelhantes entre si: inflação de 1,43% para as famílias de média-baixa; 1,51% para as de média-alta; e 1,42% para as de alta renda.
Segundo Renato Coitinho, “analisando o impacto sobre as diferentes faixas de renda, a estrutura da inflação ajuda a explicar porque as famílias de baixa renda da capital federal tiveram um aumento inflacionário inferior às demais faixas de renda. Isso se deve ao fato de essas famílias utilizarem mais o transporte público, cuja variação (2,28%) foi bem menor que a dos combustíveis em fevereiro.
ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR – O INPC, que mede a inflação das famílias de renda mais baixa (até 5 salários mínimos), registrou inflação de 1,21% em fevereiro, superior à observada pelo IPCA. O índice ficou acima do resultado nacional (0,82%) e é o terceiro maior entre as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE, atrás apenas de Fortaleza (1,52%) e Belém (1,28%). No acumulado no ano, o INPC do Distrito Federal foi de 1,31%, enquanto o do Brasil ficou em 1,09%.
O comportamento do INPC é influenciado, novamente, pela significativa contribuição do grupo de Transportes para o índice geral, cuja variação foi de 3,92% no mês. As razões para essa alta são as mesmas apontadas na análise do IPCA, porém com uma contribuição um pouco menor pelo fato de o transporte público (0,74%) ter apresentado variação menos intensa para essa faixa de renda. Assim como no IPCA, todos os grupos registraram altas, com exceção da categoria de Educação (-0,42%): Saúde e cuidados pessoais (1,39%), Habitação (0,38%), Artigos de residência (1,40%), Alimentação e bebidas (0,19%), Vestuário (0,36%), Despesas pessoais (0,17%) e Comunicação (0,21%).
ÍNDICE CEASA DO DISTRITO FEDERAL – O ICDF de fevereiro registrou variação positiva de 6,65% em relação ao mês anterior. O setor de Verduras apresentou a maior alta nos preços (18,77%), devido a produção de hortaliças ter sido afetada pelas temperaturas mais elevadas e a incidência de chuvas diretas nos campos de produção, cenário que tende a persistir no próximo período. Itens como manga palmer (69,29%) e manga tommy (44,52%) contribuíram para o alta no setor de Frutas (10,36%), devido à oferta restrita e demanda internacional.
O crescimento do custo de produção dos ovos, assim como a maior demanda no período de quaresma, elevaram os preços no setor de Ovos e Grãos (5,23%). Já o setor Legumes registrou queda (-3,41%), em razão da expansão da produção de batata lisa, advinda de regiões produtoras de Minas Gerais e de tomate, nas regiões produtoras do Distrito Federal, o que ocasionou queda nos preços desses itens (-24,70% e -11,20%, respectivamente).
Íntegra do Boletim_IPCA_INPC_fevereiro-2021
Reportagem: Lucas Almeida, estagiário, com supervisão de Renata Nandes
Foto de Capa: Agência Brasília
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