Desempenho econômico foi de -0,6%, mas registrou recuperação significativa em comparação com o 2º trimestre
A 14ª edição do Boletim de Conjuntura do Distrito Federal, divulgada nesta quinta-feira (17) pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e a Secretaria de Estado de Economia do Distrito Federal (SEEC-DF), revela o desempenho econômico do DF no 3º trimestre do ano, com a reabertura de diversos segmentos produtivos que estavam paralisados em razão das medidas restritivas de combate à pandemia. Os meses de julho, agosto e setembro apresentaram os primeiros sinais de recuperação da economia local, após o período de maior restrição às atividades econômicas e adesão ao isolamento social, mas ainda sentiram os impactos da crise econômica causada pela pandemia.
O Índice de Desempenho Econômico do DF (Idecon) registrou variação negativa de 0,6% em relação ao mesmo trimestre de 2019, mas apresentou melhora considerável em comparação com o 2º trimestre de 2020, quando o índice foi de -3,9%. O resultado é uma combinação do crescimento da Agropecuária (2,0%) e da Indústria (1,3%) com a desaceleração dos Serviços (-0,7%). No acumulado em quatro trimestres, a capital federal apresenta variação de -0,2%, influenciada pela retração de 1,3% na Indústria e pela estagnação nos Serviços (-0,1%). A Agropecuária, por sua vez, registrou bons números, com crescimento de 2,2%.
O presidente da Codeplan, Jean Lima, explica que o objetivo da divulgação do Boletim de Conjuntura é “tornar transparente para a população brasiliense os dados e informações sobre as análises econômicas do Brasil e do DF, que são os principais indicadores para tomada de decisões relacionadas à economia pelo GDF”.
Para a diretora de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas, Clarissa Jahns, é difícil falar de 2020 sem mencionar a pandemia. “Se tratando do 3º trimestre, julho e agosto foram meses de pico em número de casos e óbitos pela Covid-19 e, a partir de setembro, observamos uma redução desses números. Outra questão importante é a taxa de isolamento neste período, acima da média em comparação com o primeiro e o último trimestre do ano. Essas são importantes considerações a serem feitas no momento em que falamos dos resultados econômicos, pois impacta diretamente na demanda de consumo das famílias”, conclui.
A secretária executiva de Acompanhamento Econômico, Patrícia Café, ressaltou a importância dessas informações para contextualizar o GDF e colaborar na orientação das ações da SEEC-DF. “Vimos que o 3º trimestre, ainda que melhor do que o projetado em junho, em termos de atividade econômica, apresenta reflexos fortes da crise. Na SEEC-DF, onde acompanhamos o comportamento da arrecadação tributária, esses reflexos são sentidos, em especial nos impostos como o ICMS e do ISS”. Patrícia salienta ainda que “apesar do DF ter uma economia mais estável que o restante do país, estamos em um momento de incerteza quanto aos serviços e quanto aos rumos da crise sanitária e, consequentemente, da crise econômica. O momento ainda é de muita cautela”, finaliza.
O secretário executivo de Desenvolvimento Econômico, Bruno Watanabe, afirma que as informações apresentadas pela Codeplan norteiam o trabalho na secretaria e nas áreas conexas ao desenvolvimento econômico. “De acordo com os dados divulgados, as ações do GDF têm sido muito importantes na contenção da crise econômica causada pela pandemia, com benefícios fiscais, oferta de crédito, regularização tributária, segurança jurídica, entre outros incentivos, com efeitos diretos na atividade econômica. Esse é o papel do Estado em momentos de grande impacto”, declara.
MERCADO DE TRABALHO – O comportamento do mercado de trabalho brasiliense mostrou sinais de recuperação no 3º trimestre deste ano em comparação com o trimestre anterior, com queda na taxa de desemprego, de 21,6% para 18,4%, e o aumento de ocupados nos setores público (+1,3% ou 4 mil) e privado (+37,5% ou 32 mil), como autônomos (+18,4% ou 35 mil) e classificados nas demais posições (15,6% ou 14 mil). Entre os trabalhadores do setor privado, houve um aumento expressivo no número de ocupados sem carteira assinada (+35,8% ou 24 mil), enquanto o número de empregados com carteira assinada cresceu 1,7% (+ 8 mil).
De acordo com o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), a quantidade de novas contratações superou a de demissões no 3º trimestre de 2020, com saldo positivo de 7.939 postos formais de trabalho. É o primeiro trimestre com resultado positivo desde o 3º trimestre de 2019. Todos os setores econômicos registraram aumento nas contratações, com destaque para a Construção, que teve o maior resultado do período (+2.474 postos), seguida pelo Comércio (+2.470 postos) e pelos Serviços (+2.084 postos), estes últimos significativamente impactados pela paralisação das atividades econômicas no 2º trimestre do ano, com saldos anteriores de -7.053 e -16.858 postos de trabalho, respectivamente. A Indústria (+826 postos) e a Agricultura (+85) fecham os saldos positivos do trimestre.
Considerando a contribuição das atividades econômicas para o mercado de trabalho local, o segmento de Saúde humana e serviços sociais apresentou o maior impacto positivo no 3º trimestre de 2020, gerando 3.507 postos. A Construção e o Comércio aparecem em seguida. Já os segmentos de Transporte, armazenagem e correio (-1.407 postos) e Educação (-1.274 postos) são os que registraram os maiores saldos negativos do período. O segmento de Alojamento e alimentação, que abrange alguns dos serviços que permaneceram paralisados por mais tempo (bares e restaurantes) fecharam 446 postos, bem menos que no trimestre anterior, quando o saldo foi de -7.727 postos.
INFLAÇÃO – O comportamento inflacionário no 3º trimestre foi definido pelo relaxamento das restrições ao comércio e aos serviços não essenciais. Houve melhora no consumo das famílias, causando uma pressão sobre os preços e fazendo com que a inflação acumulada no período chegasse a 1,29% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os grupos que mais contribuíram para a alta do índice neste período foram o de Transporte (4,38%), Alimentação e bebidas (2,15%) e Comunicação (1,09%). Já os grupos que colaboraram para a queda do IPCA foram o de Vestuário (-1,82%), Educação (-1,57%) e Despesas pessoais (-0,12%). No acumulado em 12 meses, o índice foi de 2,81%.
Pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a inflação foi mais intensa e chegou a 1,71% no 3º trimestre, devido ao fato de as maiores variações terem sido registradas nos grupos que possuem maior peso na cesta de consumo das famílias de renda mais baixa (até 5 salários mínimos) do que na das famílias abrangidas pelo IPCA (até 40 salários mínimos). Assim como no IPCA, os grupos com as maiores altas no INPC foram o de Transportes (3,74%), Alimentação e bebidas (2,78%) e Comunicação (1,54%). Os grupos que apresentaram quedas foram o de Vestuário (1,73%) e Educação (1,64%). No acumulado em 12 meses, o índice foi de 2,91%.
Matéria: Lucas Almeida, com supervisão de Renata Nandes – Ascom/Codeplan
Foto: Pedro Ventura / Agência Brasília
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