No Dia Internacional da Mulher, a Codeplan divulga estudo que tem o objetivo de fornecer informações que subsidiem políticas públicas voltadas para as mulheres.
O estudo “Mercado de trabalho, gênero e uso do tempo no Distrito Federal”, em elaboração pela Dipos, busca identificar possíveis desigualdades entre diferentes tipos de arranjos familiares relacionados ao mercado de trabalho e uso do tempo. O estudo tem como foco a população adulta, de 30 a 59 anos, e utiliza os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD e a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios – PDAD.
Definições:
Neste texto estão elencados os principais resultados preliminares do estudo.
Arranjos familiares são as diferentes composições familiares. Neste estudo foram considerados:
• Monoparental feminina: família composta por mulher responsável pela família residindo com os filhos e outros parentes;
• Monoparental masculino: família composta por homem como responsável pela família residindo com os filhos e outros parentes;
• Casa com filhos: homem e mulher residindo com os filhos e outros parentes;
• Outros: inclui diversas composições, unipessoal masculina, unipessoal feminina, chefe de família, masculino ou feminino, com outros parentes ou pessoas sem relação sanguínea.
Sumário:
Conforme adiante detalhado, os resultados preliminares apontam que as desigualdades de gênero no mercado de trabalho acabam por atingir a toda a sociedade. Todas as famílias, independentemente de sua configuração familiar, apresentam reflexos da natureza da inserção no trabalho e do uso do tempo das mulheres. Destaca-se, ainda, que as famílias mais afetadas são as famílias monoparentais femininas.
Em relação às atividades domésticas, algumas desigualdades entre homens e mulheres chamam atenção. São elas:
i) o percentual de mulheres que fazem tarefa doméstica ainda é superior ao dos homens, ainda que essa diferença tenha sido significativamente reduzida nos últimos 10 anos;
ii) as mulheres também trabalham e despendem mais horas que os homens em tarefas domésticas; e
iii) persiste a divisão sexual do trabalho nas tarefas domésticas, ou seja, o percentual de mulheres que se dedicam a tarefas de preparação de alimentos, limpeza, arrumação, e organização das tarefas domésticas ainda é consideravelmente superior ao dos homens. Em casa, os homens se dedicam, sobretudo, às atividades de pequenos reparos na residência e nos eletrodomésticos.
Resultados destacados:
• Em um terço das famílias chefiadas por mulheres, a chefe não possui ocupação econômica
O percentual de mulheres chefes de famílias monoparentais sem ocupação econômica é de 32,5%, número consideravelmente superior ao dos chefes dos demais tipos de arranjos familiares, inclusive da monoparental masculina, cujo percentual de chefes sem ocupação econômica é de 19,0%.
O percentual de famílias monoparentais em que as chefes mulheres possuem emprego sem carteira assinada também é superior aos outros tipos de arranjos (7%). Esses dados apontam que, entre as mulheres chefes de família, o desemprego é maior quando comparadas com as outras configurações familiares.
• Em 2015, 50% das famílias chefiadas apenas por mulheres, as chefes recebiam até um salário mínimo
Nas famílias monoparentais femininas, 50% das mulheres chefes da família recebiam até um salário mínimo, renda inferior à dos chefes de famílias dos demais arranjos familiares.
Consequentemente, 50% das famílias monoparentais femininas viviam em 2015 com renda per capita de R$ 397,00, o que sugere maior vulnerabilidade em relação aos outros arranjos de famílias do DF. Esse resultado indica que provavelmente as mulheres na configuração familiar monoparental têm acesso a trabalhos de menor qualidade e que consequentemente propiciam a menor renda a elas. Além de constituírem um arranjo familiar com um dos maiores números médios de pessoas por domicílio, possivelmente sustentadas por estas mulheres.
• Em 2015, metade das famílias monoparentais chefiadas por mulheres negras no DF possuíam uma renda per capita de até R$ 392,14
Em 2015, 50% das famílias monoparentais do DF cuja chefe é mulher negra vivia com renda per capita inferior a R$392,15, correspondendo a 84,0% da renda das famílias monoparentais chefiadas por mulheres não-negras.
Considere-se, contudo, que as famílias monoparentais chefiadas por mulheres negras contam, em média, com mais pessoas residindo no mesmo domicílio em comparação com os domicílios chefiados por mulheres não-negras. Em todo o caso, famílias monoparentais chefiadas por mulheres negras encontram-se em situação de maior vulnerabilidade.
• Entre a população adulta ocupada, 7 % a mais das mulheres se dedicam a tarefas domésticas quando comparadas aos homens. Contudo essa diferença já foi de 32% em 2007
A realização de atividades domésticas continua, em 2017, sendo um afazer mais presente entre as mulheres que entre os homens (95% das mulheres e 88% dos homens). Contudo, essa distância tem se reduzido nos últimos 10 anos.
• Quando se restringe a análise das atividades domésticas a preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar as louças, a diferença entre os homens e mulheres ocupados, em 2017, passa a ser de 26,4%
Ao investigar com mais detalhes as tarefas domésticas, a PNAD Contínua evidencia a diferença de gênero na execução dessas atividades nos domicílios do Distrito Federal. 92,8% das mulheres ocupadas afirmam fazer atividades domésticas como preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar as louças. Por outro lado, entre os homens ocupados, esse percentual é consideravelmente inferior, de 66,4%.
• Os homens ocupados sobressaem-se apenas na realização de pequenos reparos ou manutenção do domicílio
Quando considerados outros tipos de tarefas domésticas, como “x”, “y”, novamente é perceptível a desigualdade no percentual de execução dessas tarefas entre homens e mulheres, Aproximadamente 8 a cada 10 mulheres do Distrito Federal cuidam da limpeza da casa, roupas, sapatos e da organização do domicílio. O percentual na execução de tarefas domésticas por homens e mulheres apenas se inverte em caso de tarefas de pequenos reparos ou manutenção do domicílio, automóvel, equipamentos ou eletrodomésticos.
• Somando as horas dedicadas ao trabalho doméstico com as horas trabalhadas, as mulheres trabalham, em média, 3h a mais por semana
Considerando a soma de horas habitualmente trabalhadas com as dedicadas aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos, as mulheres do DF trabalham mais horas por semana (56h) que os homens (53h).
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