Júlio Miragaya
Conselheiro do Conselho Federal de Economia
A mídia destacou nesta semana dois episódios que relacionam o debate econômico com o processo eleitoral em curso: o anúncio nos extratos do Banco Santander afirmando que a reeleição da presidente Dilma teria efeitos negativos na economia brasileira e o comunicado da consultoria financeira Empiricus sobre os riscos para os investidores de uma eventual reeleição.
No caso da Empiricus, o TSE determinou a imediata suspensão da veiculação do anúncio, tido como indevida interferência no processo eleitoral. No caso do Santander, o ex-presidente Lula foi mais além, caracterizando-o como “terrorismo eleitoral”, lembrando que “todo santo dia, agentes do mercado financeiro tentam fazer cair as ações falando mal do país para ganhar com a especulação”.
O fato é que toda semana ouvimos a mesma ladainha, incansavelmente repetida pelos investidores e especuladores, de que o Brasil está à beira do caos, similar à que foi ouvida durante as semanas que precederam a Copa, de que ela seria um enorme fracasso. Mas esbarra nos fatos: pesquisa da consultoria Grant Thornton junto a 10 mil empresas de 34 países afirma que, no Brasil, 52% das empresas vão ampliar seus investimentos em máquinas e equipamentos nos próximos 12 meses, mais que o dobro do percentual dos EUA (24%) e muito acima do México (36%) e da rica Alemanha (44%).
Todos sabem que, desde 2007, o planeta convive com uma enorme crise econômica. A maioria dos países a enfrenta buscando preservar os ganhos do capital. No Brasil, ao contrário, ela é enfrentada preservando as conquistas do povo, como os programas sociais e os aumentos reais do salário mínimo. Isso explica porque, desde 2007, enquanto no mundo foram cortados 60 milhões de empregos, no Brasil foram criados 11 milhões. O fato é que os mais ricos deste país querem mudar esse modelo e tentam eleger para a presidência um candidato atrelado a seus interesses.