Pesquisa “PED: Os negros no mercado de trabalho do Distrito Federal” aponta que dos 330.362 desempregados no primeiro semestre de 2019, 249.638 eram negros.
Apresentação da pesquisa na Secretaria do Trabalho (Foto: Divulgação/Codeplan)
O boletim “PED: Os negros no mercado de trabalho do Distrito Federal”, divulgado nesta terça-feira (26) na Secretaria do Trabalho, aponta que os negros são os mais atingidos pelo desemprego no DF. Dos 330.362 desempregados no primeiro semestre de 2019, 249.638 eram negros (75,6%).
A avaliação das informações por raça/cor e sexo indica que a taxa média de desemprego para as mulheres negras continuou sendo a mais elevada. No 1º semestre de 2019, constatava-se uma diferença de 9,3 pontos percentuais entre a taxa de desemprego das mulheres negras (23,1%) e a dos homens não negros (13,8%). Na comparação com as mulheres não negras (18,0%), que também convivem com elevada taxa de desemprego, a diferença era de 5,1 pontos percentuais.
Segundo o presidente da Codeplan, Jean Lima, “é muito importante lançar um olhar específico para os perfis que compõem a população economicamente ativa do Distrito Federal, como foi feito com os empreendedores, as mulheres, os empregados domésticos e agora os negros, possibilitando uma melhor análise do mercado de trabalho”. Assim como na sociedade brasileira, o mercado de trabalho é ‘racializado’, conclui o presidente.
No total, ao fim do primeiro semestre de 2019, o DF somava 1.697.436 pessoas na População Economicamente Ativa (PEA), sendo que 70% delas eram negras. Entre os 1.367.075 ocupados, 938.662 eram negros (68,7%) e dos 857.814 inativos, 554.581 eram negros (64,7%).
DESIGUALDADE SALARIAL – A desigualdade entre os negros e não negros no Distrito Federal também pode ser observada nos salários. Os negros ganham em média R$ 2.872 e os não negros R$ 5.045, enquanto a renda média total do DF é de R$ 3.493.
As mulheres negras constituem o grupo com menor renda, ganhando em média R$ 2.471, seguidas pelos homens negros (R$ 3.259). Os homens não negros formam o grupo de maior renda, com ganhos de R$ 5.641, seguidos pelas mulheres não negras (R$ 4.353).
No entanto, essa disparidade salarial já foi maior. Na comparação entre o primeiro semestre de 2018 e 2019, houve acréscimo de 2,5% no ganho médio dos negros, passando de R$ 2.802 para os atuais R$ 2.872, enquanto os não negros tiveram redução de 2% na renda média, caindo de R$ 5.150 para os atuais R$ 5.045. Neste período, as mulheres negras tiveram aumento de 0,8% e os homens negros de 4,1%, enquanto as mulheres não negras sofreram queda de 2% e os homens não negros de 3,1%.
ANÁLISE POR SETOR – Quanto à posição na ocupação, 70,9% dos negros são assalariados, frente a 72,3% dos não negros nesta condição. Do total de negros assalariados, 45,2% estão no setor privado com carteira assinada, 8% no setor privado sem carteira e 17,6% no setor público. Para os não negros, esses percentuais são de 35,4%, 7,3% e 29,6%, respectivamente.
Outros 15% dos negros são autônomos, enquanto 13,7% dos não negros estão nessa ocupação. Ainda segundo o estudo, 8,2% dos negros são empregados domésticos, sendo 16% das mulheres negras nesta categoria.
Analisando por setores de atividade econômica, tanto os negros quanto os não negros estão concentrados nos setores de Serviços e Comércio: 71,3% dos negros e 77,8% dos não negros trabalham no primeiro setor, enquanto 18,1% dos negros e 14,8% dos não negros atuam no segundo setor.
COMPARATIVO ANUAL – Entre os primeiros semestres de 2018 e 2019, o volume de ocupados cresceu 3,5% no DF, principalmente devido à expansão ocorrida dentre os negros (8,1%), já que dentre os não negros houve decréscimo (-5,3%). Neste período, a taxa de desemprego entre os negros passou de 20,9% para 21% e de 21% para 15,9% entre os não negros.
O nível de ocupação da população negra cresceu no assalariamento do setor privado (9,9%) e público (4,4%). No setor privado, esse resultado decorreu do aumento entre os com carteira assinada (10,4%) e os sem carteira (7,1%). Também houve crescimento entre os trabalhadores negros autônomos (10,2%), empregados domésticos (8,5%) e classificados nas Demais posições (1,8%), que incluem empregadores, profissionais universitários autônomos, donos de negócio familiar.
A pesquisa faz parte das atividades pelo mês da Consciência Negra no Distrito Federal e foi realizada em parceria pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Secretaria do Trabalho, Fundação SEADE e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
Por Lucas Almeida, estagiário sob supervisão de Angélica Pinheiro.
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