Júlio Miragaya

Presidente da Codeplan e conselheiro do Conselho Federal de Economia

Os números relativos ao desempenho da economia do Distrito Federal no primeiro semestre de 2013, recentemente divulgados pela Codeplan, revelam que a atividade econômica andou em ritmo mais lento que a média do Brasil. Enquanto a economia brasileira cresceu 2,6% nos seis primeiros meses do ano em relação à idêntico período de 2012, no Distrito Federal o incremento foi de apenas 1,3%.

O desempenho insatisfatório decorreu, essencialmente, do desempenho ruim do setor público, que ficou estagnado (crescimento zero) no semestre. De outro lado, todos os demais segmentos tiveram crescimento, com exceção da agropecuária.

Mais uma vez, portanto, confirma- se a nossa sina: se o setor público vai bem, a economia do DF prospera, se vai mal, nossa economia sofre. A conclusão óbvia é a de que se torna imperiosa a diversificação de nossa estrutura produtiva, excessivamente dependente do setor público, que representa 56% de nosso PIB e 55% da massa salarial.

O atual governo conseguiu tirar do papel o projeto da Cidade Digital e o segmento de TI no DF tem recebido importantes investimentos, públicos e privados. Mas ainda é pouco. A Codeplan, mediante a elaboração de estudos setoriais, tem chamado a atenção para o necessário incremento de nossa base industrial, pífia, comparada a outras metrópoles.

Alguns argumentam que o DF não deve abrigar indústrias por ser a capital. Desconhecem, evidentemente, a estrutura produtiva de outras capitais nacionais, como Paris, Tóquio, Seul ou Buenos Aires, principais centros industriais de seus países, o que em nada atrapalha o desempenho de suas funções político- administrativas. Porém, o mais grave é que desprezam o fato de que nossa economia precisa gerar empregos para quase 300mil desempregados em nossa área metropolitana, além de meio milhão em empregos precários. E esses têm pressa!

Jornal de Brasília – 03 de outubro de 2013