Osvaldo Russo

Diretor de Estudos e Políticas Sociais da Codeplan

No sábado, 29 de junho, no Feitiço Mineiro, almoçando ao som de chorinho, eu e minha esposa tivemos a triste notícia da hospitalização do amigo Jorge Ferreira, Cidadão Honorário de Brasília, mineiro da pequena Cruzília, mas megalópole no seu coração.

Palco de eventos gastronômicos e culturais, o Feitiço Mineiro é o mais tradicional restaurante da Asa Norte, frequentado por políticos, jornalistas, intelectuais, artistas, sindicalistas e empresários. Ziraldo e Jaguar, quando estão por cá, sempre dão uma esticada por lá, assim como o Sócrates fazia. O ex-presidente Lula e sua esposa, Marisa Letícia, amigos de Jorge, frequentam o restaurante desde o seu início, em 1989.

Jorge Ferreira orgulhava-se dos mais de dez mil shows realizados, de Dona Ivone Lara a Baden Powel, de Noca da Portela a Claudete Soares, de Paulinho Pedra Azul a Nelson Sargento, passando por Milton Nascimento, Beth Carvalho. Silvinha Teles, Billy Blanco e Xangai. No mês dos 20 anos do Feitiço lá se apresentaram Clodo Ferreira e Célia Porto e o Clube da Esquina, de Lô Borges a Wagner Tiso.

No Feitiço, a mais querida de suas casas, muitas vezes, para além da gastronomia, discutíamos questões sociais como a proteção das nossas crianças, em especial aquelas em situação de vulnerabilidade social nas ruas. Assim nasceu, em 1996, a campanha “Em Vez de Esmola, Dê Cidadania”, que mobilizou a sociedade para reintegrar às suas famílias mais de 600 crianças que mendigavam e eram exploradas nas ruas de Brasília.

No início de 2003, quando eu era chefe de gabinete do então ministro da Educação, Cristovam Buarque, o Jorge convidou-me para almoço no Feitiço com o prefeito da “ci dade mais importante de Minas”. Ao indagá- lo se era Belo Horizonte, ele diz “não, é a grande Cruzília, da qual BH faz parte”. Era o Jorge que conheci e que deixa saudades.

Brasília, 04 de julho de 2013