Possivelmente, a principal tendência da economia do Distrito Federal, assumindo que a sua relação com o Brasil se mantenha, é de que o DF mostre números moderados e positivos nos próximos anos. Diante dessa expectativa de recuperação econômica gradual, porém consistente, fica a pergunta: quais serão os setores econômicos responsáveis por essa trajetória?
Para responder essa questão, primeiro, cabe notar que a administração pública representa 44,7% da economia do DF (IBGE) e que o grave quadro fiscal do governo federal tende a resultar em uma estagnação do setor público por alguns anos ainda. Segundo, podem-se observar algumas características da população do DF, com dados da Codeplan. As projeções demográficas mostram um rápido envelhecimento da população, os números das pesquisas domiciliares e de emprego apontam para um alto nível de escolaridade e um rendimento médio local que chega a ser o dobro da média nacional.
Essas informações, quando analisadas conjuntamente, apontam alguma direção. O DF possui um alto potencial de consumo de bens e serviços de maior valor agregado. Isso tende a favorecer a oferta de serviços de saúde, veterinária, educação, construção, de bens e serviços da economia criativa e de produtos financeiros (seguros, previdência complementar, crédito e financiamentos).
Ademais, deve-se considerar entre as tendências produtivas, as inovações da indústria 4.0., as mudanças na prestação de serviços por aplicativos, e a compreensão por parte das empresas de que a coleta e o processamento da informação são um ativo e um aliado do setor produtivo. Com isso, as atividades de tecnologia da informação merecem destaque para possibilidade de crescimento, entre elas, a ciência de dados e de desenvolvimento de aplicativos e sistemas. Note-se ainda que o governo federal é um dos principais consumidores de tecnologia da informação do país, o que gera riqueza e cria empregos no DF.
Por fim, sob a ótica de uma população cada vez mais conscientizada acerca do meio ambiente, a demanda pela produção de energia solar em residências, pela utilização de veículos, bicicletas e patinetes elétricos e a redução de produção de resíduos sólidos são exemplos de mudanças no consumo que tendem a gerar outras atividades: comércio e manutenção de produtos e peças como baterias e placas solares, produção de itens biodegradáveis ou com possibilidade de reuso.
Estes são alguns segmentos que têm mostrado potencial de crescimento e fortalecimento dentro do contexto atual da economia local. É sempre desafiador olhar para os números e projetar algum resultado. Contudo, é essencial que se faça o exercício de pensar o futuro, analisando as informações disponíveis e a trajetória passada, para que se possa identificar as adversidades e criar as estratégias que venham da gerar postos de trabalho, e absorver a elevada massa de desocupados que hoje o Distrito Federal possui.
Clarissa Jahns Schlabitz
Economista, Gerente de Contas e Estudos Setoriais da Codeplan.
Publicado originalmente no Correio Braziliense, de 06/10/2019.
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