Estudo analisa os meios de transporte usados pela população brasiliense para se locomover ao trabalho e para estudar, com base nos dados da última PDAD
Em razão da Semana Nacional do Trânsito, a Codeplan publicou nesta sexta-feira (25), o estudo “Como Anda Brasília”, realizado a partir de dados coletados na última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), de 2018. O estudo demonstra como a população do Distrito Federal se locomove de casa para o trabalho e para estudar, e traz recortes sobre a mobilidade de acordo com gênero, idade, raça e renda.
Como a mobilidade, sobretudo nos grandes centros urbanos, tem sido um dos grandes desafios para a gestão pública nas últimas décadas, estudos como esse, baseados em dados, são fundamentais para subsidiar políticas públicas voltadas para a mobilidade urbana, que viabilize um trânsito seguro e eficiente, com o menor impacto ambiental e econômico e socialmente mais justo possível.
Para Jean Lima, presidente da Codeplan, estudos como esse são muito relevantes para a análise do cenário da mobilidade e para a proposição de estratégias que otimizem o deslocamento. “O estudo conclui, entre outras coisas, a disparidade entre os gêneros: as mulheres são as que mais se deslocam a pé ou de ônibus e os homens são os que mais utilizam automóveis” detalha.
Renata Florentino, diretora de Estudos Urbanos e Ambientais da Codeplan, declara que “o estudo consegue mostrar que apesar da fama de ‘cabeça, tronco e rodas’ que a capital federal possui, a diversidade de meios de transporte é presente e se faz mais clara a partir de recortes de renda, gênero e raça” explicou.
O estudo revela que os modos de deslocamento mais utilizados no Distrito Federal são ônibus, automóvel e a pé, respectivamente. Entre as mulheres, o modo mais utilizado é o ônibus, enquanto entre os homens, utiliza-se mais o automóvel. O uso de motocicleta e bicicleta também é superior entre os homens. No recorte por gênero e faixa etária, nota-se que, conforme a idade aumenta, diminui-se a utilização de ônibus e cresce a utilização do deslocamento a pé. Entre os homens, o uso do automóvel aumenta e tem seu pico acima dos 60 anos; já entre as mulheres esse pico ocorre entre os 40 e 59 anos, e depois reduz.
Em relação à renda, observa-se que a utilização do ônibus nas camadas de renda mais baixa é feito predominante por mulheres. Esse mesmo cenário é observado em quase todas as regiões administrativas (RAs), independente da renda, com exceção de Brazlândia e Cruzeiro. Em contrapartida, as mulheres utilizam menos carro que os homens em quase todas as RAs, com exceção de Cruzeiro, Águas Claras e Park Way, regiões de média-alta e alta renda. O deslocamento a pé até o trabalho é maior entre as mulheres, exceto nas RAs Park Way e Jardim Botânico.
As RAs que concentram maior renda possuem maior número de automóveis por domicílio, sendo alta a relação entre renda, posse e uso do automóvel. Há também aqueles que não possuem carro, mas o utilizam de alguma forma (por carona, via aplicativo, etc) para ir ao trabalho, sendo o percentual mais expressivo no grupo de maior renda. Mesmo na ausência do automóvel, a adesão ao deslocamento por ônibus é mais baixa na faixa de alta renda do que nas demais. O deslocamento a pé se mostrou como opção expressiva (28,7%) para o grupo de maior renda sem automóvel.
Os dados mostram que a população negra é a que mais utiliza o transporte público para se deslocar até o trabalho, representando 66,1% dos usuários, enquanto os não negros representam 33,9%. Assim como os outros modos de deslocamento, exceto o uso do automóvel, no qual a diferença não é significativa, a utilização de ônibus é superior tanto entre os homens negros quanto entre as mulheres negras, em relação aos não negros. O uso de motocicleta e bicicleta é maior entre homens negros e as mulheres negras são as que mais andam a pé (35,5%).
Acesse o estudo completo COMO ANDA BRASÍLIA – Um recorte a partir dos dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio, bem como o Sumário Executivo.
Reportagem: Flaviana Silva e Lucas Almeida, com supervisão de Renata Nandes, Ascom/Codeplan
Foto: Dênio Simôes da Agência Brasília
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