Osvaldo Russo
Diretor de Estudos e Políticas Sociais da Codeplan
Na semana passada, em alguns estados, foi propagado boato que anunciava o fim do Programa Bolsa Família, o que causou desespero a milhares de famílias que procuraram as agências da Caixa Econômica Federal, sendo que algumas delas depredadas. Não se sabe a sua origem e motivação, mas a Polícia Federal está investigando o assunto.
O programa, criado em 2003, resultou da unificação e racionalização de quatro outros programas existentes, entre eles o Bolsa Escola, cuja gestão estava a cargo do Ministério da Educação. Na época, eu estava à frente da Secretaria de Inclusão Educacional, responsável pela transição para o Bolsa Família, que só se completou com a criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em 2004.
O Bolsa Família não foi mais um programa de governo. Ele significou a inauguração de uma nova agenda social no País, onde o desenvolvimento social passou a ser estratégia inseparável do desenvolvimento econômico, rompendo com a lógica conservadora perversa que crescimento econômico não combinava com distribuição de renda.
O Bolsa Família, que beneficia mais de 13milhões de famílias em todos os municípios brasileiros, e as políticas de aumento real do salário mínimo e de geração de empregos são responsáveis por 40 milhões de pessoas saírem da pobreza na última década, por 18 milhões de empregos formais, pelo aumento da renda e pela redução da desigualdade.
Com o Bolsa Família estamos acabando com a miséria e a fome. É administrado com competência e seriedade, virou lei e se transformou em política pública continuada, abraçada por todos os entes da federação. Os neo-escravocratas desesperam-se com o seu sucesso e alcance social. Assim como a abolição não foi o fim, ele também não é. Não se sabe a origem e a motivação do boato, mas já se sabe o terror que ele provocou.
Jornal de Brasília, 22 de maio de 2013