Júlio Miragaya – Conselheiro do Conselho Federal de Economia
Os recentes dados sobre o desempenho do PIB brasileiro no 2º trimestre evidenciaram, uma vez mais, o enorme descompasso entre a real situação econômica do País e o quadro pintado pelos “economistas do mercado”.
Esses verdadeiros “apologistas do caos” estimavam (no fundo, torciam) que o PIB brasileiro teria mais um desempenho pífio, mas o IBGE revelou que nosso PIB teve desempenho entre os melhores ocorridos no mundo no período, com aumento de 1,5% sobre o trimestre anterior. No México, por exemplo, o “novo queridinho” dos economistas do mercado, o PIB caiu 0,7%.
No acumulado do 1º semestre, o PIB brasileiro cresceu 2,6% em relação ao 1º semestre de 2012. Num contexto mundial de crise, onde nenhum país com economia importante, com a exceção da China, tem crescido muito acima de 4%, trata-se de resultado mais para ser comemorado do que lamentado.
Bastou, entretanto, a divulgação de que a produção industrial caiu 2% em julho em relação a junho, para que os apologistas do caos novamente acionassem suas trombetas, valorizando mais o resultado episódico, de “gangorra”, característico dos resultados mensais, e desprezando o fato de que a produção nos sete primeiros meses do ano cresceu2% em relação ao período equivalente de 2012.
Falam em crise no mercado de trabalho, mas, de janeiro a julho, foram gerados 907 mil novos empregos formais no País. Continuam a falar em descontrole da inflação, embora esta esteja em nítida desaceleração.
A onda de pessimismo atingiu até mesmo o Programa Mais Médicos, que tem o nobre objetivo de colocar esses profissionais em centenas de municípios para atender milhões de brasileiros pobres desassistidos, mas, felizmente, a razão venceu o preconceito da elite.
O que explica, então, tamanho pessimismo? Será que a ascensão econômica dos mais pobres e a redução da desigualdade social incomoda tanto a nossa elite e aos economistas liberais?
12 de setembro de 2013 – Jornal de Brasília